Foto: Gazeta press
O Esquadrão de Aço está construindo um caminho de insucesso na Série A do Campeonato Brasileiro, que é o roteiro exato do rebaixamento. O retorno à Série B um anos após o acesso será uma catástrofe. Entre erros e erros, digo que o defeito do elenco prejudicou muito mais do que o excesso de gastos em contratações equivocadas e irregular montagem do elenco: pode-se dizer que Tricolor é aquele primo rico que gasta muito com coisas cafonas.
É só pegar o plantel, ver quanto foi gasto na contratação de determinados atletas que não deram resposta em campo e pronto. Terás as respostas.
A sorte nem sempre anda do lado e o Bahia sabe bem disso. A expressão “o Bahia é o eterno gol de Raudinei” já virou clichê e para piorar, com efeito reverso. Para o torcedor, sempre fica aquela pontinha de insegurança, o pé atrás, porque infelizmente confiança é algo que não pode ser remendado: o Bahia vem construindo essa desconfiança com a torcida há diversas temporadas. O “agora vai” simplesmente não vai.
Até o final da competição serão quatro jogos: Corinthians, São Paulo, América-MG e Atlético Mineiro. Desses jogos, dois são na Fonte Nova. Invocar o espirito da confiança, impulsionar o sentimento na voz, declarar ainda mais o amor por torcer em apoio. E por falar em apoio, é o que nunca faltou desde a C de 2007.
Deus me livre julgar sentimento alheio. Há quem tenha desistido, há que insista. Carlos Drummond de Andrade disse em “O Avesso das Coisas”, que “a confiança é ato de fé, e esta dispensa raciocínio”. É preciso se apegar na fé para manter a confiança ou manter a confiança se apegando na fé, porque se for pelas atuações do time, meu amigo, é segurar nas mãos de Deus, o que também é um ato de fé.
No último jogo contra o Athletico, novamente o efeito reverso do ‘Gol de Raudinei’. Vacilo da zaga, subida de Cannobio, com 1.74 metros e bola no fundo das redes de Marcos Felipe. Após esse mesmo jogo, o lúcido Rogério Ceni disse: “Para mim (rebaixamento) é inadmissível, tem que ser tratado assim. A palavra tem que estar ligada a nós, independentemente do que as pessoas achem”.
Particularmente, concordo e endosso: é inadmissível aceitar um rebaixamento.
Que os jogadores tenham entendido o recado, assimilado o recado e coloquem em prática já diante do Corinthians.
O tempo, ah!, o danado do tempo resolveu ‘beneficiar’ o Tricolor com o 17º lugar após vitória do Cruzeiro – com gol ilegal – sobre o Fortaleza, pasme, no Castelão. O empate em 2 a 2 entre Cruzeiro e Vasco nesta quarta-feira (22) caiu como uma luva para as pretensões de Rogério Ceni.
Ademais, azar de um frágil e incompetente Bahia.
Sem a justificativa de uma pífia arbitragem, que no geral não é só ruim: tem uma pitada de má fé intencionada. E por falar sobre arbitragem, a diretoria do Bahia se reuniu com a CBF essa semana para uma prosa amigável. O que foi tratado? Sabe lá Deus!
Quem sabe um café, chá, almoço, petiscos dêem ao time mais três pontos – ou tirem. Vai saber?
Enfim, ao grupo, é imprescindível confiar nos seus recursos, fora isso, não vai alcançar o triunfo que aspira. E se tem uma coisa que o Bahia precisa nessa reta final de um dificílimo campeonato é confiança, que por ser muito exigida aos atletas, ela pode exaurir-se. E eu só espero estar enganado.
Agora, uma coisa é certa: é o sentimento mais urgente que existe.
Um mantra.
Uma oração.
Um axé.
*Neison Cerqueira é jornalista e apaixonado por futebol e política.