siga nossas redes sociais:

PONTO DE VISTA: “licença, mas eu preciso falar sobre Davi”

Foto: Reprodução/TV Globo

Pouco mais de duas semanas de programa e o nome na boca da maioria dos participantes é Davi. Normal. Se em 24 edições e, como alguns falaram lá dentro que acompanham o programa há anos, inclusive com inscrições feitas na maioria deles, posso afirmar que tem alguns brothers que enxergam o Big Brother Brasil (BBB) dentro da caixinha.

Decepcionante!

Baiano de Salvador, periférico de Cajazeiras, casado, ex-militar, atencioso, amoroso, simples e humilde. Participante de BBB deveria ter consciência moral – e de classe – para entender o que é o jogo: sobrevivência.

A busca pelo prêmio importa e esse é o real motivo para se inscrever. Esse é o real motivo para os choros quando há indicação para o paredão, quando, depois de estar lá dentro, é preciso voltar para a realidade: ali, creio eu, que há um entendimento sobre o que é a vida. A decepção é própria. Internamente, acredito que há um pensamento sobre: o que eu fiz para conhecer Tadeu Schmidt tão cedo? Resposta simples: não soube jogar um jogo que está na 24ª edição.

Acompanhando o game desde o início, é perceptível que existe uma má vontade gigantesca com o ‘pivete de Cajazeiras’.

Tudo é culpa de Davi!

E ele tem mesmo, não de tudo, mas tem. Se não cozinhar, como irão comer? Na xepa ou no VIP, ele se coloca à disposição: levanta cedo e põe a mesa do café, mas os participantes entendem que estão de férias e a mesa tem que estar posta quando eles acordarem e ainda assim reclama que “o ovo tá frio, a banana tá dura”. Sabe como isso é resolvido? É só levantar e fazer!

Outro ponto importantíssimo acerca do Davi e suas relações é que não é mais surpresa o tamanho do racismo – não só estrutural – enraizado dessa galera. Isso é perigoso. Um preto quando se impõe ele é colocado em evidência e taxado como agressivo, ríspido, prepotente, arrogante, grosso, além de tantos outros adjetivos que ouvimos por aí.

Wanessa Camargo, inclusive, tem lugar de fala e parece ver em Davi os gatilhos que, segundo ela, são despertados por ele. Logo ela, que é casada com Dado Dolabela. Me compadeço contigo, ‘Uanessa’. Nenhuma mulher merece passar o que as mulheres do seu atual marido passaram. Mas, colocar Davi nessa posição é mau-caratismo. Gatilhos são gatilhos e cada um que cuide do seu!

Colocaram o ‘pivete’ para Cristo.

Escolheram alguém para apontar o dedo e foi para ele. Que ótimo, porque a nível de favoritismo, ele tá bem demais na fita: são 2 milhões de seguidores no Instagram participando de um programa que acabou de começar. E torço por demais para que ele continue crescendo no realit. Concordo quando ele disse que, “se chegasse numa final um camarote e um pipoca, meu voto será no pipoca”. Que o meu voto seja em você, Davi!

As falas problemáticas no jogo fazem parte do seu cotidiano, da árvore genealógica, da sua criação, do seu meio social. A reprodução é entendida e compreendida por essa razão e não significa corroborar com a homofobia. Davi está inserido nesse público, cresceu assim, cresceu ouvindo assim, e de tanta naturalidade, diante das câmeras, há essa reprodução. Errou? Sim! Deve ser penalizado por isso? Não! Caso seja, só vai confirmar o racismo existente no Brasil. E a gente sabe como funcionam as coisas aqui de fora!

É muito complicado ser preto e periférico, e ter a obrigação de se reafirmar todos os dias.

A condição de vida, se já passou fome ou se precisou de doações para ter o que vestir, é o que menos importa. Davi tem um sonho: ser médico. Sua inspiração, ao meu ver, é o que pouco importa. Em sua essência, sua criação e o seio familiar o condicionou a ‘ser homem’, como ele sempre vem reproduzindo. Isso significa, ‘soteropolitanamente’ falando, ter responsabilidades e assumi-las, não abaixar a cabeça para humilhação, mas abaixar por humildade. Engrandecer seus acertos, mas reconhecer seus erros também. Dito isto e dentro desse contexto, sim, ele é homem.

Aqui fora e sem câmeras, os olhos já estão voltados para ele. Com o tempo Davi aprendeu e vai aprender ainda mais a se reconhecer. Não é fácil. Ninguém disse que seria. O pivete foi lá jogar e é o que vai levá-lo longe no game. Que não se perca na caminhada e essa é a minha torcida. Seguirei acompanhando o programa, sobretudo Davi. Espero que no fim do reality, que seja ele o ganhador do prêmio para que futuramente, quando for entrevistá-lo, ele se apresente como Doutor Davi Brito.

Voa, moleque!

*Neison Cerqueira é jornalista e apaixonado por futebol e política.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp