Traição. Substantivo da língua portuguesa. É o ato de trair. Em miúdos, é falta de lealdade, quebra de fidelidade e confiança. No exagero – ou não – normalmente inclui atos como tentar derrubar governos. Em Lauro de Freitas, a corrida eleitoral entre a Prefeita Moema Gramacho (PT) e sua opositora, Débora Régis (União Brasil), tem sido uma verdadeira quebra de braço, mas essa disputa é antiga. No último confronto, em 2020, melhor para a petista: Moema teve 50.680 votos e foi eleita com 50,77% da preferência da população.
A trajetória política da atual gestora de Lauro de Freitas tem sido marcada por rupturas de então aliados. O primeiro capítulo dessa história teve início em 2016. Cata a ordem cronológica:
- Em 2016, Mirella Macedo (PSD) – afilhada política – saiu vice de Moema nas eleições municipais daquele ano e a dupla foi eleita com 43.951 votos e 52,39% da preferência do eleitorado. A justificativa para o rompimento foi a falta de diálogo em um ponto durante a gestão: a necessidade de revisão no secretariado que, para Mirela, “estava abaixo das expectativas da população”. Moema rebateu a declaração da então aliada: a exposição da situação deixou a gestora desapontada. “Ela preferiu falar com a mídia primeiro”, disparou Gramacho na ocasião. O resultado dessa batalha teve final feliz para o lado vermelho: Moema foi eleita em 2020 derrotando a então algoz.
- Quatro anos depois, em 2020, outro baque. Débora Régis (PL), considerada como a segunda Moema Gramacho, foi a responsável por escrever mais um capítulo de traição nos anais políticos de Lauro de Freitas. Nas eleições municipais deste ano Débora rompeu com Moema e decidiu, a 15 dias do pleito, apoiar Teobaldo Costa (União Brasil), adversário direto de Moema. O fato foi classificado pela gestora municipal como ‘traição’. “Ela não esclareceu a razão por trás dessa mudança repentina”, declarou Moema. Débora foi flagrada em evento político com Teobaldo Costa, ACM Neto e José Carlos Araújo.
- E a história se repetiu de novo, mais uma vez. Atual vice-prefeito do município, Vidigal Cafezeiro (Republicanos) surpreendeu ao aparecer na convenção política que lançou Débora Régis (União Brasil) à disputar a Prefeitura de Lauro de Freitas. Chateado com a escolha de Moema, que lançou Antônio Rosalvo e Naide Brito como candidato a prefeito e vice no pleito municipal de 2024, respectivamente, Vidigal justificou o rompimento com falta de diálogo para a escolha do nome da situação. “Simplesmente impuseram”. A Prefeita Moema Gramacho, por sua vez, negou as declarações de Vidigal e de forma incisiva, afirmou que ele deve “satisfação ao povo de Lauro de Freitas seria o próprio Vidigal e, junto, um pedido de desculpas com sua mudança repentina de postura”.
Em comunicado público, Moema afirmou que ao saber que o escolhido teria sido Rosalvo, “Vidigal reagiu de forma revoltada e começou a tomar algumas atitudes incomuns”. “Passou a se ausentar da Prefeitura e nem aparecia para conduzir a Defesa Civil, dentre outras atividades tão importantes que lhes foram confiadas, tornando-se muito ausente na gestão e nos eventos da Prefeitura”, revelou a petista.
Fato é que em 2024 a atual gestora tem o apoio massivo dos partidos e sua coligação vem forte para o pleito de outubro com mais de 200 pré-candidatos ao cargo de edil na Câmara Municipal de Lauro de Freitas. Outro ponto importante e que precisa ser observado e avaliado pelo eleitor (a) é o lado que será escolhido. São três traições publicamente expostas e sem nenhuma justificativa que convença o eleitor.
Ps: são quatro mandatos da atual prefeita.
Tem se tornado comuns as ebulições políticas vividas nos últimos anos. É um atesto do “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Em determinados aspectos, o questionamento: até onde vai a ganância pelo poder e a gestão pelo bem do povo? É uma linha tênue! Ser traído é frustrante. No frigir dos ovos, a politicagem de negociação também alça o ponto da desconfiança do eleitorado: o que esperar de diferente quando os traidores tiverem no exercício do mandato?
No débito ou no crédito, a conta chega.
Define-se fisiologismo como conduta de representantes políticos que visa à satisfação de interesses ou vantagens pessoais ou partidários, em detrimento do bem comum.
Dito isso, afirmo: traição política é uma roupa que não serve mais. Já disse Belchior.
*Neison Cerqueira é jornalista e apaixonado por futebol e política.