Foto: Divulgação/Corinthians
4 de maio de 2008, o Palmeiras comandado por Vanderlei Luxemburgo vence a Ponte Preta na final do Campeonato Paulista. Talvez o último momento de glória de uma carreira de respeito. Setembro de 2023, Corinthians empata com o Fortaleza nas semifinais da Copa Sul-Americana, mais um de uma série de resultados questionáveis e Luxemburgo acaba demitido do cargo.
Em termos gerais Luxemburgo é um dos grandes (se não o grande) treinador do futebol brasileiro. No início dos anos 2000, a fama de “Luxa” ganhou o mundo e ele chegou a dirigir o todo poderoso Real Madrid entre dezembro de 2004 e dezembro de 2005, mas não conseguiu se entender com o estrelado elenco merengue.

São cinco campeonatos brasileiros conquistados na carreira, recorde que até hoje ninguém conseguiu bater. Mas o problema é que o tempo passa, convicções mudam, métodos de trabalhos também.
E aí é que está. Luxemburgo parece não ter assimilado a passagem do tempo, parece acreditar que o cenário futebolístico segue inalterado desde seus anos de glória no fim dos anos 90 e no início dos 2000. É um erro que muitos treinadores de sua geração cometeram, mas se recusam a admitir.
Nos últimos anos um certo roteiro se repete, Luxemburgo é contratado por um clube, diz que não está ultrapassado e que todas as inovações táticas do futebol atual, na verdade já exisitiam, ou até mesmo que ele as criou. Logo depois, os resultados ruins se acumulam, seu trabalho é questionado e ele acaba demitido. A verdade é que a cada trabalho que não funciona fica evidente que o tempo do “pofexô” como treinador já passou e ele é o único que não percebe.
No caso do Corinthians não foi diferente. Jogadores questionavam os métodos do treinador, o Timão mostrava insconsistências em determinadas partidas e para completar, Luxemburgo não se ajudava quando o assunto era entrevistas coletivas. “Eu queria sair perdendo de 1×0, mas infelizmente o São Paulo fez o segundo gol”, disse Luxa após a eliminação corintiana nas semifinais da Copa do Brasil.
Não se pode dizer que Luxa não teve chances de trabalhar em grandes clubes. Ele chegou a ser contratado pelo Palmeiras no fim de 2019 e teve quase um ano para realizar um trabalho, mas ainda assim não conseguiu convencer e acabou demitido pouco depois. Seu substituto Abel Ferreira conquistaria 2 Libertadores em sequência e colocaria o Verdão um patamar acima. É injusto falar de seus trabalhos em Cruzeiro e Vasco, visto que o treinador assumiu times financeiramente e administrativamente destruídos e pouco conseguiria fazer.

A demissão do Corinthians, mais uma equipe que, apesar do momento conturbado, tem uma expressão nacional inegável, tem de ser um ponto de virada para Luxemburgo. Ou buscar uma atualização, algo que ele “bate o pé” e nega precisar, ou usa todo seu conhecimento de futebol, que é inegável para um treinador de tantas e tantas conquistas e aplica em outras áreas do esporte. Nomes como Abel Braga e Paulo Autuori por exemplo, assumiram funções diretivas recentemente.
Luxemburgo é e continuará sendo um dos nomes mais importantes do futebol brasileiro, com todas as conquistas que atingiu em sua carreira. Mas até os melhores tem de saber a hora de assumir que o tempo passou e que novos nomes vão tomar a frente. Isso não é desrespeito como Luxemburgo tanto prega e sim um processo natural.
Antonio Jacques, Jornalista com MBA em Gestão Esportiva, colunista, repórter e comentarista. Experiência na área de política e em cobertura de eventos esportivos.