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Nos últimos 10 anos, pelo menos 30 líderes quilombolas foram assassinados. Os estados com maior número de assassinatos são Bahia (11), Maranhão (8) e Pará (4). Há casos registrados em Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais e Alagoas. É o que revela levantamento divulgado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
De acordo com a Conaq, a maioria das vítimas liderava territórios quilombolas. Os assassinatos ocorreram dentro dos quilombos e com uso de armas de fogo. Na noite da última quinta-feira (17), a Ialorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, Maria Bernadete Pacífico (72), foi assassinada a tiros, criminosos teriam invadido a comunidade, feito familiares reféns e executado Mãe Bernadete.
Assim como a líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, seis anos antes, seu filho Fábio Gabriel Pacífico dos Santos, foi o primeiro caso registrado no levantamento da Coordenação, o homicídio também aconteceu dentro do quilombo.
Desde a data do crime, Mãe Bernadete cobrava que os responsáveis pelo assassinato do filho fossem presos. Ela foi assassinada da mesma forma, também dentro do quilombo, antes de ver a Justiça ser feita.
Relembre as vítimas na Bahia
- Fabio Gabriel Pacifico dos Santos (2017)
Conhecido como “Binho do Quilombo”, Fábio era filho de Mãe Bernadete. Ele foi assassinado quando estava dentro do carro, na frente da escola do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho.
- José Raimundo da Mota de Souza Júnior (2017)
José Raimundo trabalhava com o irmão e o sobrinho em uma área de roça, quando foi assassinado com mais de 10 tiros. Os familiares dele conseguiram escapar.
- Lindomar Fernandes Martins (2017)
A vítima tinha 37 anos e vivia no Quilombo Iuna, em Lençóis, na região da Chapada Diamantina.
- Adeilton Brito de Souza; Gildasio Bispo das Neves; Amauri Pereira Silva; Valdir Pereira Silva; Marcos Pereira Silva; Cosme Rosário da Conceição
Um mês após Lindomar ser assassinado a caminho do Quilombo Iuna, seis pessoas foram mortas no crime conhecido como “Chacina no Quilombo”.
- Jozé Izídio Dias (2019)
O senhor de 89 anos, conhecido como Seu Vermelho, foi encontrado morto dentro de casa, no Quilombo Rio dos Macacos, Simões Filho, na RMS.
De acordo com coordenador da Conaq, Denildo Rodrigues, a maioria dos crimes estão relacionados a pressão sobre os territórios quilombolas. “o caso de Mãe Bernadete se junta a esses assassinatos que estão sem resolução nenhuma. Essa situação é muito grande. Trinta pessoas tiveram as vidas ceifadas ao longo dos anos. Queremos cobrar do Estado brasileiro uma posição. Não dá para o Sistema de Justiça ignorar as violências que acontecem nos territórios quilombolas”, afirma.