Foto: Assessoria/José Dirceu (PT)
O ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou que a operação Lava Jato foi um projeto político criado para destruir o Brasil, incluindo setores da economia. Ele também criticou o modus operandi da força-tarefa, a quem acusa de alijar direitos dos alvos e de seus familiares. “[A Lava Jato] Foi um projeto para destruir a indústria de prestação de serviços, que era uma das melhores do mundo. Se você andasse pela América Latina, de 2006 a 2012, como eu andei, levando as empresas brasileiras, e eles criminalizariam tudo isso. Qual o país que criminaliza um ex-ministro, um empresário, ou um presidente que vai abrir mercados para as empresas do país? É como você criminalizar quem quer exportar soja, café, açúcar, frutas”, disse.
As declarações foram dadas nesta segunda-feira (3), em entrevista à rádio A Tarde FM, de Salvador. Dirceu está na capital baiana para encontros com petroleiros e com a Executiva estadual do PT. “Eu abri vários mercados: ferrovias, rodovias, hidrelétricas, termelétricas, aeroportos, refinarias, estaleiros, siderúrgicas. Era o Brasil quem construía. Hoje não é mais o Brasil”, acrescentou o ex-ministro, que chefiou a Casa Civil no primeiro governo Lula.
E seguiu: “O que eles fazem? Te prendem, bloqueiam seus bens, a conta bancária, tuas filhas perdem os empregos. Você não pode contratar advogado, ameaçam prender tua mulher, tua filha. Aí você faz a delação. É só ver: de cada dez investigados e/ou réus da Lava Jato, sete, oito fizeram delação. Eu me recusei a fazer delação.”
A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) julgou extinta uma ação da Lava Jato que o condenou por corrupção passiva. O colegiado entendeu que o crime foi prescrito e, assim, tornou o processo encerrado. A decisão deixa Dirceu mais próximo de restabelecer seus direitos eleitorais.
Ele aguarda a revogação da condenação decorrente de processo que hoje tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) —que, por analogia à decisão do Supremo, também estaria prescrito. Dirceu voltou a culpar a Lava Jato por todo o tempo em que esteve em reclusão. “Eu fiquei preso quase 40 meses no regime fechado. De 15 de novembro de 2013 a 8 de novembro de 2019, quase 62 meses. Sessenta e dois meses eu passei preso, ou no semiaberto ou no fechado. No fechado, foram quase 40 meses, ou com tornozeleira eletrônica”, concluiu.